El nudismo visto en Gijón

En julio estuve en La Laboral de Gijón para presentar f.r.a.n.z.p.e.t.e.r de Sergi Fäustino y deliriosdegrandez@hotmail.com de David Espinosa en el II Encuentro de Programadores Internacionales, promovido por el Instituto Cervantes, en el que también estaban, entre otros, Angélica Liddell, Juan Domínguez y la Societat Doctor Alonso. Hacía un par de semanas que habíamos actuado en el Centro Cultural de Sà£o Paulo participando en el proyecto Diálogos Càªnicos Brasil-Espanha: Linguagens Híbridas, organizado también por el Cervantes. Allí conocimos a Sebastià£o Milaré, curador de teatro del Centro Cultural de Sà£o Paulo. Sebastià£o también estuvo en Gijón y ha publicado su opinión crítica sobre lo que allí pasó en la Revista Eletrà´nica Teatral antaprofana.

Copio aquí el inicio de su texto titulado O nudismo visto em Gijón con el subtítulo Do «destape» ao «coño» exposto de Angelica Liddell, um processo social. Más abajo encontraréis el enlace al texto íntegro.

No II Encuentro de Programadores Internacionales, promovido pelo Instituto Cervantes em Gijón, Astúrias, de 16 a 19 de julho de 2008, a mais importante performance apresentada foi a de Angélica Liddell. Tal é o ponto de vista deste escriba, evidentemente, e nà£o parecer unà¢nime dos cinqüenta programadores participantes do evento, vindos de todo canto do mundo.

Tendo acompanhado a exaustiva programaà§à£o organizada pelo Instituto Cervantes, que em quatro dias nos fez ver 13 espetáculos, participar de duas mesas redondas e duas exposià§àµes de projetos criativos, além das festas de abertura e de encerramento, acho-me no dever de expor meu pensamento sobre o visto e vivenciado. Mas está fora de hipótese a análise de obra a obra, até porque o conjunto revela monótonos procedimentos contemporà¢neos nivelando todas as produà§àµes: quase sempre é um solo ou duo, tem compulsoriamente um projetor de vídeo (parece que sem vídeo nà£o se pode mais fazer teatro, danà§a ou performance càªnica); há um desprezo ostensivo à s técnicas tradicionais e, no entanto, parece que outras nà£o surgem para estabelecer novos códigos ou indicar novos caminhos; a falta de técnica é mais evidente no trabalho vocal, pois normalmente nà£o se entende o que é dito, por péssima articulaà§à£o dos intérpretes, ou tem-se dificuldade em captar a construà§à£o sonora, por ser inaudível a fala…

Contudo, nà£o se trata de um desastre. Pelo contrário, o que se expà´s foi um conjunto de obras reveladoras de novas tendàªncias càªnicas. Isto já se delineava no I Encuentro, dois anos atrás, em Madrid, do qual nasceu o projeto “Diálogos Càªnicos Brasil-Espanha: Linguagens Híbridas”, realizado no Centro Cultural Sà£o Paulo em junho deste ano, na parceria dessa entidade com o Instituto Cervantes e o Centro Cultural da Espanha. Dos “Diálogos” participaram quatro grupos espanhóis e quatro brasileiros, que desenvolvem linguagens multidisciplinares (ou indisciplinadas), na busca de novos horizontes expressivos. Claro que essa busca leva, com freqüàªncia, a equívocos estéticos.

Dos espetáculos participantes do II Encuentro, dois estiveram também nos “Diálogos Càªnicos Brasil-Espanha”. O primeiro, “F.R.A.N.Z.P.E.T.E.R.”, é antes concerto comentado do que espetáculo teatral. A idéia motora é colocar um grupo de amigos para falar da vida de Schubert e ouvir uma seleà§à£o dos seus “lieder”. Os amigos reunidos sà£o o pianista David Casanova, que procura dar idéia das estruturas musicais de Schubert, sejam descritivas ou emocionais; o também pianista Rubén Ramos, que se encarrega do som e da projeà§à£o de vídeo, a soprano Maria Dolores Aldea, que com impecável técnica de canto coloca a alma na interpretaà§à£o dos “lieder”; por fim, o criador do espetáculo, Sergi Faustino, que se encarrega de comentar vida e obra do compositor em diálogo com o pianista, com a cantora e com o seu duplo (um manequim sentado junto à  mesa). Em sua atuaà§à£o, Fäustino procura envolver também a platéia, tornando cada espectador um participante da reunià£o.

O outro espetáculo foi “Delírios de Grandeza”. Conforme a sinopse do programa, “é um solo que funde aà§àµes, texto e imagem, em mensagens instantà¢neas, video clips e falsos diretos”. Coloca-se como “uma reflexà£o crítica dos valores estabelecidos pela sociedade atual, do poder dos meios de comunicaà§à£o, da busca da fama a qualquer preà§o, do repúdio ao fracasso, da feiúra, da necessidade de ser sempre original, mas nunca diferente, da globalizaà§à£o, do consumismo e de nosso ritmo de vida acelerado”. Idéias que David Espinosa, criador e intérprete do espetáculo, transforma em matéria càªnica com humor e brilho, conseguindo fugir aos clichàªs e à  comicidade gratuita, lanà§ando seu personagem tà£o vazio de conteúdo quanto sedento de fama à  esfera do patético, mas nà£o do ridículo. Deve-se observar que o espetáculo é um falso solo, pois tem muito relevo a participaà§à£o de Juanma Pacheco em uma das cenas.

O que esses dois espetáculos tàªm em comum com os demais do repertório do II Encuentro sà£o os procedimentos da moda (sobretudo o vídeo como suporte) e a obsessiva afirmaà§à£o do “eu”, que perpassa toda a produà§à£o càªnica da vanguarda espanhola. De fato, no caso de David Espinosa, o “eu” é colocado em perspectiva crítica e, assim, se converte em dado coletivo. Também para Sergi Faustino o “eu” nasce da observaà§à£o sobre o “outro” (Schubert), mas se impàµe em cena na figura do duplo, representado pelo manequim.

Enlace al texto íntegro O nudismo visto em Gijón, de Sebastià£o Milaré.

ACTUALIZACIà“N (08/09/2008): Enlace al texto íntegro en castellano traducido por Francesc Puértolas